sábado, 13 de outubro de 2007

Pra saber de novo que estou sozinha. Momentos compartilhados são viagens solitárias em quartos que não são seus. Dorme um corpo ao lado que ama outro corpo que não o seu. Dorme e ronca ao seu lado uma pessoa que desconhece. Sorri pra você de manhã e te fala bom dia com intimidade (mas você pouco viu esta pessoa). Abre tuas pernas e sussurra qualquer coisa suave no seu ouvido. Isso já foi dito em outros ouvidos de outras mulheres tão solitárias quanto você. Abre seu abismo e marca com propriedade seu objeto de exploração. O mundo segue em cambalhota esquizofrênica, trocam os corpos, mas não mudam os amores. Tenho medo de fantasmas. Quero esquecer e confiar. Como todos. Quero confiar mesmo em um, em dois, em três homens. Arranjar tramóias e fugir em labirinto espiralado. Quero uma certeza estúpida e encho minha rotina com cigarros e copos americanos para embriagar a atmosfera dos corpos vagabundos dos bares sujos. Então, de que me vale agora as promessas de amor, se antes nem eram promessas, era tudo vazio e frio, mas com gozo? Qual vale mais? Um amor novo do qual desconfio, porque mal estruturado ou manhãs de zigue-zague por esquinas e camas nunca vistas? Às vezes, penso que não há diferença entre pessoas. Parece uma multidão num jogo vão de amor infantil. Quero cair num abismo de lírios. (ago-set/07)